AUTOATENDIMENTO

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Inexperiência permitiu falha no Enem, diz Paulo Renato

Ministro da Educação entre 1995 e 2002 - sua gestão criou o Enem - e atual secretário de Estado da Educação de São Paulo, Paulo Renato Souza acredita que a inexperiência do consórcio que aplicaria a prova deste ano permitiu a falha de segurança e o vazamento. "Problemas de logística vinham acontecendo. Começaram a chegar casos de alunos de classe média de tal bairro que teriam de fazer a prova em favelas", conta. "No meio de falhas assim, a segurança foi mais uma falha, grave, no esquema de logística." Para Paulo Renato, com a adoção do Enem nos critérios de seleção dos vestibulares das universidades federais "a prova passou a ter um valor econômico e social muito importante, aumentando a tentação da fraude".

Maria Helena Guimarães, ex-secretária de Educação do Estado de São Paulo e diretora do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) na gestão de Paulo Renato no ministério, também atribui ao caráter de processo seletivo do novo Enem os maiores riscos de vazamento. "O risco e a complexidade de aplicar uma prova assim não se devem tanto pelo tamanho e pela quantidade de estudantes inscritos, mas pela natureza dela, que mudou. Isso exige uma dinâmica e uma logística diferentes", afirma. "Fraude pode acontecer em qualquer processo e deve ser investigada pela polícia. Mas temos de lembrar que, no caso deste Enem, tudo foi muito atropelado, muito rápido", diz.

Diretor do Colégio Etapa, o educador Carlos Bindi diz que tudo não passou de uma "catástrofe anunciada". "O que aconteceu era previsível. Uma prova de vestibular convencional envolve a vida acadêmica e a honra dos que participam da sua preparação", compara. "O Enem, não. Não existe a mesma obsessão com a segurança. Ninguém do MEC fica tomando conta da impressão, da distribuição. É uma decisão de gabinete."

A educadora Maria Inês Fini, coordenadora do grupo de autores da prova do Enem desde sua criação, em 1998, até 2002, afirma que ficou "muito chateada" com a notícia. "Em meu tempo, adotávamos procedimentos diferentes. Não existia, por exemplo, uma cópia da prova no MEC. Apenas três pessoas, eu e outros dois consultores, conheciam a íntegra do exame", relata ela. Para o coordenador de Vestibular do Curso Anglo, Alberto Francisco do Nascimento, havia "gente demais mexendo na coisa". "Mas recebi a notícia com espanto e incredulidade", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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